A armadilha do reajuste salarial dos professores em Caraíbas.

Curioso como em um ano eleitoral as coisas acontecem como num passe de mágica. Eis que na última sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Caraíbas, a prefeita municipal encaminhou projeto a ser votado pelos legisladores em caráter de urgência, trata-se do projeto refente ao reajuste salarial dos professores e demais servidores municipais. Segundo informações os professores receberiam 15 % de aumento e os demais servidores municipais 5%. 


Longe de mim questionar a necessidade suprema de valorização da mão-de-obra do trabalhador, sobretudo num contexto de extrema exploração capitalista do indivíduo que, dispondo apenas de sua força de trabalho, insere-se inquestionavelmente no processo de exploração por parte dos detentores dos meios de produção. 


No caso do funcionalismo público e especialmente em Caraíbas, esse processo é ainda mais latente, uma vez que são grandes os níveis de exploração, associado ao errôneo paradigma por aqui criado, de que o poder absoluto é atribuído aos que chamo de "donos do poder", na verdade indivíduos que imaginam equivocadamente que nunca serão destituídos dessa "moribunda" forma de administrar sob custódia da mordaça, razão a qual não se dá o direito a nenhum questionamento por parte daqueles que ousarem discutir os horrores por eles praticados, que aqui não carecem ser mais ditos, bastando apenas sabermos que o município de Caraíbas é um dos campeões em matéria de corrupção no estado da Bahia.


Enfim, voltando ao projeto encaminhado à Câmara de Vereadores em caráter de urgência, a prefeita municipal, além de se tornar "boazinha" da noite para o dia, ainda exigiu que os "pobres" professores fossem acompanhar a sessão que votaria o aumento de seus salários, quer dizer: "vão lá ver como os valorizo". 


Repito, ainda é muito pouco em termos de reajustes, professor no Brasil deveria ser um dos profissionais mais bem remunerados, dada a importância da função exercida. Mas o que se vê, principalmente por aqui, são mitigadas ofertas de melhoria salarial, nem sempre acompanhados de adequadas condições de trabalho e ainda revestidos de "cafajestice" eleitoreira, ou não seria isso? Alguém aí acredita em Papai Noel? 


De fato Caraíbas, em comparação com alguns outros municípios do entorno, não tem um dos piores salários pago ao magistério municipal, isso porque os demais municípios, convenhamos, ostentam salário de miséria aos professores, o que não dá à senhora prefeita o direito de se gabar de nada. Além do mais não são poucas as irregularidades por aqui encontradas no que tange a forma de tratamento aos professores, como a não existência do plano de carreira e a opção pelo não enquadramento em 40 horas em detrimento da massiva e indiscriminada contratação de professores, sem contudo preocuparem-se com a adequada qualificação de alguns. O professor que quiser atuar no sistema de ensino municipal de Caraíbas detendo sua pós-graduação e com isso imaginar que será adequadamente valorizado pelo seu nível, estará enganado, ele será submetido ao mesmo irrisório salário atribuído aos demais, inclusive "professores" que não tem nada além do que o Ensino Médio, ou detentores de diploma fabricado por EAD's "pegue e pague", algo não muito raro 
pelas escolas de nossa Caraíbas. 


Professores, não encarem isso como uma crítica à classe, e sim como um estímulo ao processo de rediscussão em torno dos erros do que eles chamam de valorização do professor em Caraíbas. Acham certo serem peça de barganha? Aquele que talvez se classificar como professore de fato, ávido pela construção do conhecimento e grande responsável pela formação da cidadania e da dissipação dos princípios de construção de uma sociedade equitativa, saberá entender a mensagem desse artigo. O que eu receio que sejam poucos que entendam
.
Basta ao desmandos dos "donos do poder", abaixo ao processo alienante de cooptação do que seriam as "mentes pensantes" do município.