Por: Professor Damião.
Existem
algumas coisas que nos causam repúdio, nos faz questionar, e enfim lamentar
pelo seu ocorrido. Vivemos num país acometido pelos mais diversos desajustes
sociais, como a notória má distribuição de renda (muito embora houvesse nos
últimos anos uma embrionária melhoria nas condições de vida das classes subalternas),
questionáveis serviços públicos, como saúde, educação, infra-estrutura, associados
à problemas decorrentes da violência, narcotráfico, corrupção e uma política
partidária pautada pura e simplesmente no exercício do poder, ou seja, são
muitos os problemas, e bem pequena, na visão de alguns, a perspectiva.
Diante
desse “turbilhão”, o cidadão comum brasileiro em sua escassa hora de descanso e
convívio com a família, ainda se vê “sequestrado” por uma mídia que imbeciliza
e tortura nossa Inteligência.
Vamos
a ela:
Se
o objetivo for assistir um telejornal, o telespectador tem como opção o típico
sensacionalismo e seus bordões como o: “me ajuda aí ô”, ou o “corta para a 18”,
dentre outros, que são uma mescla de jornalismo pastelão com a vontade voraz de
mostrar os mais horrendos crimes e situações lastimáveis de nossas violentas
metrópoles, não colaborando em nada para o processo de transformação social. Se
o jornal assistido for o de bancada, aqueles de horário nobre, e apresentado
pelos tais âncoras, como os “JN’s” da vida, o que se vê é um jornalismo
enviesado, pronto e acabado, em prol dos interesses da classe dominante. Um
jogo sujo entre a velha “direitona” da política brasileira, e os veículos
interessados na manutenção e/ou no retorno latente de uma elite que sempre
espoliou a classe trabalhadora brasileira.
Até
mesmo o futebol, a chamada “paixão nacional”, está refém da grande mídia, aliás,
são altos os direitos de imagem pagos aos clubes, e por isso, assistir a uma
partida de futebol do sofá de casa significa ter que se manter acordado até a
meia noite, caso queira acompanhá-la até o fim. Outro jogo sujo entre a mais poderosa
emissora de TV brasileira e a entidade máxima do futebol no país, entidade essa,
não menos questionável.
No
campo do entretenimento a lista é farta: de humorísticos, de auditório ou os
famosos “talk shows”, em sua quase totalidade imbuídos de uma missão que os
padroniza. São afinados na “arte” deliberada de manter longe dos holofotes os
bons músicos, atores e outros personagens, em detrimento da massiva e cansativa
veiculação de “Naldos”, “Anitas”, “Luans” e similares. Esforça-se também em
ridicularizar o nordestino, o negro e usar apelativamente a sensualidade feminina
para marcar alguns pontinhos de audiência.
Se
o objetivo for à teledramaturgia brasileira e de aperitivo algumas outras
produções estrangeiras, o máximo que se conseguirá na sua sagrada hora de
descanso é trucidar os princípios e os valores familiares, fatores tão
preciosos em tempos de agora. Traições, ódio e intriga no seio familiar,
apologia ao supérfluo do luxo em detrimento da exploração alheia, e, sobretudo
um racismo que salta aos olhos de quem assiste, é isso o melhor que se pode
oferecer no enredo das telenovelas brasileiras.
De
“amor à vida”, transgride-se ao amor incondicional à pobreza cultural e a uma
alienação típica de quem não está nem aí para os problemas sociais cotidianos, afinal
os “reclames do plin-plin” lamentavelmente ainda estão em alta.
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