Ao contrário do que muitos
pensavam os brasileiros não sustentaram seu comodismo por muito tempo. Como
podemos acompanhar nesse ano de 2013, empunhando bandeiras boa parte do país
foi às ruas para protestar, reivindicar novos rumos. Um dos pontos centrais
é a melhoria da educação. Se a educação precisa melhorar qual deve ser a
postura da escola?
É quase unanimidade entre os
professores que a educação precisa de uma revolução. A mídia, o governo e os
políticos também insistem nisso. Muitas vezes a melhoria da educação se perde
nos discursos, nas incoerências. Farei uma breve reflexão sobre uma das muitas
leituras possíveis sobre isso.
O que devemos fazer para
melhorar o país como professores? Ensinar? Já estamos fazendo isso. Será que
estamos ensinando para além das nossas matérias? Ou será que estamos ensinando
por um lado e “desensinando” por outro? Ensinar para que? Se queremos um país
melhor, estamos ensinando isso na prática?
Nossas práticas têm limitações
tanto como docente e como pessoa, fazemos parte de um grupo maior a que
chamamos de escola. Essa escola é neutra politicamente? Em momentos de
manifestações se espalhando por todo país, qual deve ser a postura da
instituição? Fazer-se inerte e seguir as aulas “normalmente”
como se nada tivesse acontecendo?
Não existe neutralidade. Como
diria Max Weber, “O neutro já se decidiu pelo mais forte”. Nesse
momento não somos os mais fortes e estamos muito longe de ser. Há uma parte
ainda mais fraca: os alunos. Qual deve ser a postura da escola quando os alunos
querem ir às manifestações? Ameaçar de suspensão para punir exemplarmente “os
baderneiros” que estão querendo mudar um país cujos problemas tanto dizemos
repudiar? Qual deve ser a postura do professor? A de tolerância zero visto que
as notas precisam ser fechadas no prazo?
Não estamos querendo que a
escola encampe o movimento e se comprometa em levar os alunos para rua em razão
da grande responsabilidade civil e criminal que isso pode acarretar. No
entanto, é valido a escola criar meios de enclausurar os alunos nos seus muros
enquanto estes buscam a liberdade de mudar a realidade que nossa geração não
conseguiu mudar? “A atividade não estava no calendário e por isso não foi
planejada...” Algum intelectual ou oráculo previu as diversas manifestações que
estão tomando conta do país?
Paradoxalmente, quando
sentimos que nossa classe é desvalorizada,algumas vezes nos mobilizamos,
fazemos greves e os alunos não tem outra escolha além de acatar nosso ponto de
vista. Apenas os professores têm autoridade para falar de democracia? Temos
respaldo moral pra lutar por uma educação melhor se continuarmos democráticos
nos discursos e se nas nossas práticas buscamos sufocar a democracia para
nossos alunos? A vontade dos alunos de partirem pras ruas e lutar por uma
educação de qualidade não faz parte da nossa causa?
A escola que não criou meios de propiciar que os alunos pudessem ir ou não às manifestações, encarcerando os estudantes nos seus muros, na semana seguinte libera os mesmos alunos e professores para que estes apreciem o patriotismo superficial dos campos de futebol, desacreditando o verdadeiro patriotismo presente nas ruas e dizendo que um jogador de futebol vale mais que um professor.
Em setembro os mesmos alunos serão "obrigados" a desfilar nas ruas com honras militares valendo ponto...
Ponto para o Brasil! Viva o patriotismo!
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