Em mais um 15 de outubro estamos tendo a oportunidade de, não somente parabenizarmos os nossos mestres, bem como refletirmos a cerca de sua importância para a sociedade como um todo. No entanto, esse 15 de outubro de 2020, é distinto. Por estarmos vivenciando uma situação tremendamente atípica: a pandemia e o isolamento social. Evidente que o desejo é que tudo se normalize, mediante a superação do vírus, não pela teimosia e pela ignorância da negação, mas sim pela prudência e pela confiança na ciência e na imunização de toda a população, cremos em Deus que tudo logo passará.
Porém, enquanto toda essa situação se faz presente, sinto a
necessidade na condição de educador de lançar aqui algumas reflexões a cerca de
como têm sido a rotina daquele cuja missão e ofício é o nobre ato de lecionar.
São muitas as notícias (muitos infectados e muitos óbitos
infelizmente) muitas as discussões, as pesquisas, médias móveis e, por parte da
classe política, muita verbalização, apenas! Afirmam que o momento agora é de
criação de protocolos que viabilize o retorno das atividades, mesmo estando
provado que o reinício de algumas delas só faz dificultar nesse momento, a
estabilização da situação do contágio. Porém em nome da retomada do “crescimento
econômico”, boa parte daqueles que nos governam, juram conseguir lidar com a
situação da reabertura apenas fiscalizando, existe protocolo para muito do que
é, nesse momento, superficial, e pouquíssima preocupação com o que é essencial.
São raras as ações concretas advindas dos poderes públicos que viabilize a
criação de estratégias de retomada segura das atividades escolares, o que se
nota é uma insistente ideia de reabertura desprovida de cuidados, ou do “deixa
como está e ano que vem cuidamos disso”. Não se percebe muita vontade deles
para tratarem seriamente da questão educacional no atual contexto.
Em meio ao referido cenário, o educador têm tentado manter o
processo de ensino e aprendizagem, diante de um desafio enorme de não somente
lidar com novos aparatos tecnológicos, fundamentais para a gravação-edição-postagem
de sua aula nas plataformas e mídias digitais, mas também tentar manter a motivação
de seu aluno, extrair dele a atenção quando o meio utilizado para que ele
acesse a aula é o mesmo que o faz acessar as redes sociais ou jogar o “free fire” o que é para alguns de nossos
jovenzinhos, algo bem mais atrativo do que uma “enfadonha” aula de Geografia
por exemplo. O tempo, que outrora já era bem concorrido entre as aulas
presenciais, as correções de exercício, a elaboração de planos de aula e as
demais atividades cotidianas, agora é ainda mais ínfimo, até por que as
atividades são geralmente multiplicadas por dois já que o educador, dada a sua
baixa remuneração, costuma trabalhar em mais de uma escola.
É válida a observação de que, diante da típica situação de
desigualdade socioeconômica verificada no Brasil, uma parte considerável de
nossos alunos não dispõe dos aparatos necessários para acompanhar as aulas
remotas, seja um computador ou smartphone ou mesmo o acesso à internet. É mais
uma situação que exige do professor a costumeira sensibilidade e a sua reinvenção
diante dessa situação adversa.
O fato é que estamos experimentando algo novo que
inicialmente começou repleto de incertezas quanto ao desenvolvimento dos
mecanismos de ensino remoto, mas que agora podemos dizer que já foram criadas
as estratégias mínimas para que nossa missão se faça, ainda que sem o calor
humano e a maravilhosa visão de se ter uma sala de aula repleta de olhares,
comumente ávidos e curiosos. Ainda acredito muito nisso, naquilo que
entregamos, na expectativa que nossas aulas geram e na transformação que
causamos, em tempos sombrios ou não.
Parabéns aos colegas professores e professoras, que seja
todo dia o dia de refletirmos sobre a importância desse nobre ofício.
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