Por: João Pedro Stédile
A
morte de Hugo Chávez representa uma perda irreparável para todos os povos da
América Latina.
Sua origem humilde, sua trajetória de militar nacionalista e seu
compromisso inquebrantável com um projeto de libertação do povo venezuelano, o transformou
num líder popular de todo continente.
Foi o primeiro a enfrentar de armas em punho as mazelas do
neoliberalismo na década de 90. Amargou a prisão. O povo o reconheceu e o
conduziu ao governo com o maior apoio eleitoral da história do país.
Promoveu mais de dez eleições, com ampla participação popular e
com extremo rigor de controle popular sobre a lisura das urnas. Ganhou todas.
Enfrentou o império e a mídia burguesa de todo mundo.
Enfrentou os empresários lúmpens e corruptos marionetes da CIA que
lhe deram um golpe. Mas o desdenhado protagonismo do povo o salvou!
Nesses anos todos, implementou mudanças fundamentais na sociedade
venezuelana. Depois de um século de uma economia dependente das exportações do
petróleo, deu uma virada. Primeiro distribuiu a renda petroleira para resolver
os problemas do povo. De saúde, educação, moradia e alimentação.
E depois implementou mudanças para reorganizar a economia com um
processo de industrialização do país, e de autonomia.
Na política, incentivou todas as forças a participação popular.
Não nos processos eleitorais e governamentais, mas estimulou o protagonismo dos
trabalhadores em todos espaços da sociedade.
Solidário com outros países mais empobrecidos, criou a
Petrocaribe, que vende a preço de custo o necessário petróleo.
Como MST e demais movimentos da via campesina, sempre tivemos uma
identidade muito grande com seu projeto. E um carinho especial por esse líder
comprometido unicamente com seu povo.
Conhecemo-nos em atividades do Fórum Social Mundial (FSM), para
debater o neoliberalismo e as saídas para a crise capitalista.
Construímos juntos uma proposta continental de agroecologia, que
pudesse servir de base para uma política de produção de alimentos sadios para
toda população. Organizamos uma rede continental de escolas de agroecologia e
de experimentos de sementes. Nossa rede IALA (Institutos Agroecológicos
Latino-americanos).
E juntos colocamos as bases para um projeto de integração
continental, porém popular, que fosse mais além das articulações governamentais
e comerciais. Que pudesse servir de integração popular, com iniciativas
produtivas. Com iniciativas educacionais para erradicar o analfabetismo de
nossa população. De iniciativas sociais e políticas. Para tanto, estamos
construindo uma articulação de todos os movimentos sociais da América, que se
identificam com esse projeto.
Foi uma década de derrotas para o neoliberalismo, para os setores
da burguesia, e aos eternos serviçais dos interesses do capital estrangeiro.
Foram dez anos de construção de um processo de alternativas. Com
desafios enormes, vitórias e pequenas derrotas, mas sempre para frente!
Chávez nos fará falta!
Mas com a intensidade de um líder verdadeiro, colocou as bases
fundamentais na sociedade venezuelana para que o projeto tenha continuidade.
Seu exemplo e lucidez servirão de ânimo para toda militância
social da América Latina, para todas as forças populares e para os governos
progressistas para que se possa seguir construindo processos de verdadeira
libertação popular.
Processos de verdadeira integração continental.
Viva Chávez !
Viva a integração popular de nosso continente!
João Pedro Stedile
do MST e da Via Campesina
Parabéns Professor Damião pela seriedade e compreensão que é preciso para falar sobre o que acontece na Venezuela e América.Latina, com todo respeito ao Comandante Chaves. Viva Chaves! O povo agora é Chaves!
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