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quarta-feira, 6 de março de 2013

A mídia e a "demonização" da política.


Por: Dr. Elve Cardoso. 

O pior analfabeto é o analfabeto político, sintetizou Bertold Brecht, com sua visão privilegiada de sociedade e profundo conhecedor das mazelas decorrentes de um povo despolitizado. De fato, somente por meio do exercício político diário, da interpretação permanente da realidade à nossa volta, é possível constituir o que se chama consciência política, aquela condição que torna possível ao ser humano não permitir que seus direitos sejam violados, e que pode o conduzir também a não violar direitos alheios. É a política o único instrumento capaz de fornecer valores democráticos. Fora da política, resta a subserviência aos poderosos, a força dos que podem mais, impera a lei do mais forte. A selvageria e a guerra, enfim.

Por isso mesmo, espanta a insistência dos meios de comunicação brasileiros em demonizar a prática política, fazendo valer, com sua força de alienação, a tese segundo a qual todo aquele que disputa espaços políticos tem, invariavelmente, interesses menores. Em suma, os parlamentos, os governos, os partidos seriam, na tese dos detratores, mares de podridão nos quais navegam seres imorais. 
O desastre desta tese é que macula um instrumento essencial de transformação da sociedade exatamente porque os meios de comunicação têm seus próprios interesses políticos. Esses, sim, inconfessáveis. Por isso, ainda maior o crime da demonização, porque resultado de uma escolha consciente: quanto mais despolitizada a população tanto mais fácil fazer prosperarem BBB’s e congêneres.
Mas não apenas uma questão de empobrecer a alma do povo para assegurar audiência aos programas imbecis. Veículos de comunicação são empresas e os grandes grupos econômicos que os mantém sabem o valor de dominar a informação, de aniquilar a biografia daqueles que tentam enfrentar seu poder de determinar os rumos da sociedade – ou ao menos a tentativa de determinar os rumos já que, nos últimos anos, a população brasileira, ao menos no que tange à escolha de seus representantes, tem dado sucessivas demonstrações de liberdade e habilidade.
Ora! Quantos não são aqueles que simplesmente não participam da vida comunitária, que não se filiam às suas associações por entender que há ali quaisquer interesses que não o do conjunto de sua própria comunidade? E este é o menor dos males. Pior mesmo é a noção equivocada de muitos que, influenciados por uma mídia desinformada, recusa-se a filiar-se a um partido político de promover nessas instâncias um programa, um projeto para sua cidade, seu estado, seu país. É doloroso saber que muitas inteligências são desperdiçadas graças à crença segundo a qual o destino da cidade está nas mãos de algum ser iluminado, que as melhorias virão por benevolência de algum governante, numa do envolvimento direto e dos debate acerca dos problemas locais.
Já escrevi sobre isso e repito: a Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista vem dando provas de quão importante é ter representantes comprometidos com a maioria da população. Foi graças ao governo municipal, também, em parceria com a iniciativa privada, que Vitória da Conquista experimentou saltos significativos de desenvolvimento. Com erros e acertos, mas principalmente acertos, foi possível alavancar a economia local e projetar nossa cidade. Mas a mídia local não consegue ter essa avaliação. Prefere a sugestão simplória de que somente a iniciativa privada teria sido a responsável por tudo. Foi ela também, mas o papel dos sucessivos governos é inquestionável.
Por isso, fica aqui a sugestão a todos os profissionais de imprensa: nenhuma sociedade terá o desenvolvimento de ideias e de conhecimento se for negada a participação política das pessoas. Alienar, descaracterizar a política, partidária ou não, é uma forma sutil de construir uma sociedade apolítica, propícia à instauração de regimes e práticas totalitárias. Buscar separar o joio do trigo, pautar aspectos negativos da política pode significar a possibilidade de construção de um mundo melhor, especialmente com uma consciência política que atinja inclusive as crianças, que precisam aprender, não a desprezar, mas a gostar do fazer político.

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