Ao discursar no Vale do Anhanganbaú,
neste Primeiro de Maio, a presidente Dilma Rousseff tocou num ponto importante,
que vinha sendo omitido em seus discursos. Ao citar a recessão e o desemprego,
ela mencionou a sabotagem do parlamento, que, não apenas barrou todas as suas
iniciativas, como também lançou as chamadas pautas-bomba.
Desde que venceu as eleições
presidenciais de 2014, Dilma se comprometeu com um ajuste fiscal de curto prazo
e também com medidas que visavam garantir a solvência futura do Estado
brasileiro. No primeiro caso, a saída seria a CPMF. No segundo, a reforma da
Previdência, que, segundo o ministro Jaques Wagner, seria um dos legados de
Dilma.
No entanto, a oposição, ensandecida
pelo impeachment, sabotou as duas iniciativas. No entanto, com a aprovação do
impeachment, nada mais será como antes. Neste fim de semana, na coluna Radar, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a criação de um novo
imposto será inevitável – proposta que já conta com o aval do futuro ministro
Henrique Meirelles. Discretamente, os jornais já voltam a falar na CPMF.
Da mesma forma, haverá apoio a uma
reforma da Previdência, que não será muito diferente daquela que seria proposta
pela presidente Dilma. Além disso, no domingo, a Folha afirmou, em sua
manchete, que Temer terá maioria até para fazer reformas constitucionais – o que
abrirá caminho para a flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho.
Na prática, o Congresso Nacional dará
a Temer tudo aquilo que negou a Dilma. Até porque não resta alternativa à
oposição capitaneada pelo PSDB. Se um governo Temer, que já sofre críticas
de ilegitimidade vier a fracassar, estará aberto o caminho para a volta do
ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas, ao poder. Seja em 2018, seja em
eleições antecipadas.
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