Comemora-se
no Brasil no dia 20 de novembro, o dia Nacional da Consciência Negra. Estabelecida
pelo projeto de lei nº 10.639 de 10 de janeiro de 2003, a data refere-se à
morte de Zumbi, líder da resistência negra contra a escravidão no Quilombo dos
Palmares no ano de 1695.
O
processo de formação sócio-histórica e territorial do Brasil fora marcado pelo
lamentável regime escravagista, mão-de-obra largamente utilizada pelos colonizadores
ao longo de todo período colonial, nas plantations
costeiras, no cultivo de cana-de-açúcar.
E
mesmo após a famigerada “independência” dos domínios da colonização portuguesa
em 1822, o Brasil império manteve a mão-de-obra escrava no desenvolvimento das
suas primárias atividades econômicas, isso porque a
abolição da escravatura, de forma oficial, só veio em 1888, com a dita Lei
Áurea, que libertou os escravos e os deixou como o estorvo da incipiente
sociedade urbana brasileira. Porém, os negros sempre
resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão.
A lamentável combinação da monocultura, latifúndio e mão-de-obra
escrava deixou como legado um país de uma sociedade classista, de profundas
disparidades sociais e segregada pela cor.
Triste, mas vivemos num país que embora diga existir uma “democracia
racial”, pende ainda e lamentavelmente para um racismo velado, onde as melhores
oportunidades têm cor. Onde ainda é visto com estranheza um negro ocupando um
cargo público de destaque ou mesmo o protagonismo de algum seriado da TV, onde
ainda é necessário que se hajam cotas raciais para a entrada nas universidades
públicas, onde ainda são os negros a maioria dos que exercem as funções mais
desvalorizadas do mercado de trabalho, dentre outras contradições.
Vale dizer também que sempre ocorreu uma valorização dos
personagens históricos de cor branca. Como se a história do Brasil tivesse sido
construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores,
navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros foram sempre
considerados heróis nacionais, em detrimento de heróis da resistência
como tantos outros “zumbis” que nossa história já nos apresentou.
Comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra é enaltecer a importância
indiscutível do povo africano em nossa história e do processo de “afro-brasileirismo”
que nos torna a nação mais plural que já se existiu, rica em cultura, memória,
cantos e encantos.
Comemorar o dia Nacional da Consciência Negra é permitir-se tornar
um pouco Zumbi dos Palmares, resistir e combater bravamente o processo latente
de expropriação de nossa cultura e de valores, combater o preconceito e a
discriminação de um ser em virtude da cor da sua pele, fazendo a nossa parte no
processo de construção de uma sociedade mais inclusiva e menos demagógica.
Viva o Dia Nacional da Consciência Negra!!!
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